[Review] O Alienista Caçador de mutantes
Decidi que ficar separando meus interesses/propósitos por blog é um saco! Vou escrever sobre tudo que eu quiser aqui e pronto. Então, reposto um review sobre o livro mais tosco que já li na minha life:Sinopse: "O Alienista Caçador de Mutantes" é uma versão revisitada de um dos contos mais famosos de Machado de Assis, que soma a irreverência e o nonsense ao humor ácido e politicamente incorreto do escritor carioca do século 19.
Agora, a vila de Itaguaí é alarmada pela queda de uma nave espacial e por uma névoa que causa mutações alienígenas. Quem cuidará do caso é o médico Simão Bacamarte, que recebeu do povo a alcunha de alienista, uma combinação de alien com especialista. (créditos)
Bem, o que falar desse livro que acabei de conhecer e já odeio pacas? Posso começar falando que a frase inicial, já batida e de um humor óbvio foi uma grande ironia. Em parte porque ela é citada no livro, mas principalmente porque é o avatar de meus sentimentos por tal versão revisitada.
Antes de mais nada, acho importante frisar que a proposta de misturar clássicos literários com cultura pop muito me atraiu, de imediato pensei que teria uma experiência fantástica e continuei acreditando até o final do primeiro capítulo, afinal de contas piadinhas perspicazes como a que se encontra já na página oito são meu tipo de piada:
De lá, constam nas crônicas, saíra um ser de pele viscosa e amarronzada, de olhos vermelhos como sangue e três protuberâncias na cabeça, assemelhando-se a chifres. A criatura foi vista por três moçoilas itaguaienses - duas delas de boa família. Assustadas, elas fugiram após o contato, classificado por especialistas como sendo de terceiro grau. Já a terceira moca, cuja fama de namoradeira ultrapassava os limites da vila, decidiu ficar e investir no forasteiro que, segundo seu relato, fugiu tão logo foi usada a palavra compromisso - indicio de que a criatura possuía amplo domínio da Língua Portuguesa. (ASSIS, Machado de.,1882, modificado por KLEIN, Natália, 2010, p.8)
Se você leu o livro em seu original, duvido que não tenha dado risada. Também duvido que não tenha se divertido com o gracejo seguinte, já na página dez:
Ao cabo desse tempo, fez um estudo profundo do assunto, procurou no Google e na Wikipédia que a melhor solução era colocar a mulher em um regime alimentício especial, combinado a sessões de acupuntura, ioga, shiatsu e massagem tântrica. (ASSIS, Machado de.,1882, modificado por KLEIN, Natália, 2010, p.10)
Entretanto, é depois disso que tudo começa a desandar. A linguagem cômica, bem ao estilo nonsense, passa a ser cansativa e repleta de piadas demasiadamente forçadas. Os trocadilhos e insinuações com a evidente tensão sexual entre Crispim e Bacamarte ganham um tom homofóbico e desrespeitoso conforme a narrativa avança. Não satisfeita com isso, temos exibidos pela co-autora elementos anacrônicos, as tais referências pop, que certamente visam divertir o leitor mas a mim causaram cansaço e enfado. Não entende o que quero dizer? Justifico com trechos:
Crispim soares entrou. A dor vencera a raiva, o farmacêutico não arrancou as roupas do alienista, como prometera, nem se atirou sobre ele - para o desapontamento de Bacamarte, que já havia até trocado seus lençóis. (ASSIS; Machado de.,1882, modificado por KLEIN; Natália, 2010, p.111, grifo meu)
Tudo bem que explore-se o desejo de uma personagem, pessoas se excitam e fantasiam, é natural, entretanto, sob a sacra proteção do "é humor", o livro não apenas debocha veladamente das preferências homoafetivas de Simão, como também reforça o estereotipo de que todo homoafetivo é devasso e passa o dia pensando em sexo, em especial os reprimidos. Achei as colocações desrespeitosas em sua maioria e excessivamente repetitivas, perderam a graça nos primeiros momentos e passaram de "Ok, é engraçadinho, posso lidar com isso" a "Sério, eu odeio esse livro!".
— Há cerca de duas semanas recebemos este ofício do alienista — revelou, apresentando a prova.
— Isso é... papel de carta? — perguntou alguém.
— Sim, sim — respondeu o presidente da Câmara, pondo os óculos para analisar melhor. — Hello Kitty é o que está escrito aqui embaixo desse urso branco, não é isso? — indagou mostrando o papel de carta a alguns manifestantes.
— Eu acho que é um gato, senhor, ele tem bigodes — palpitou um.
— Mas ele não tem boca — constatou outro visivelmente perturbado com o que via. — Por que, senhor?
— Eu não sei, mas é terrível — concordou o presidente, encarando perplexo o papel de carta lilás.
— É perfumado? — interrompeu um terceiro, ao que o presidente aproximou o nariz do documento e deu um boa inalada.
— Sim, cheira a baunilha — concluiu, enquanto os rebeldes deliberavam.
(KLEIN; Natália, 2010, p.64-65)
Talvez ela tenha tentando pegar o leitor pelo saudosismo aqui, afinal quem não participava das comunidades "Por que a Hello Kitty não tem boca?" ou "Por onde o Bob esponja faz xixi?" ou algo que o valha na infância/ época do orkut, né? Por conta disto, achei o trecho interessante e quase ri, mas como já era esperado, outra vez faz-se troça da sexualidade do Alienista, reforçando a ideia equivocada de que todo gay é e gosta de ser "afeminado", aproveitando o ensejo para reforçar também as idéias de que gostar de coisas fofas é idiota e que para ser feminina é preciso gostar destas tais coisas idiotas... Sobre isso, deixo Senhorita Jessica Day com a palavra:
Não bastando toda homofobia e machismo velados, ela tira de vez o machismo do bolso e escreve:
— Padre Lopes, veja bem: Viver com uma mulher chata e feia é uma coisa, mas dividir o mesmo teto com uma mala insuportável que se acha bonita é o pior castigo que um homem pode ter. É uma tortura diária que não acaba nunca. Não há nada pior que uma mocreia com auto estima. (KLEIN; Natália, 2010, p.101, grifo meu)
Francamente, como uma mulher considera escrever algo assim? Como alguém que dissemina essas idéias se sente no direito de reclamar sobre esteriótipos e qualquer tipo de padrão imposto pela sociedade? Como uma pessoa assim existe? Nesse ponto, juro que quase abandonei a leitura, mas precisava ler até o fim para deixar registrada uma crítica honesta a essas opiniões.
Enfim, termino com a mesma ironia que comecei: Bem, o que falar desse livro que acabei de conhecer e já odeio pacas? Simples: "O Alienista Caçador de mutantes" é um livro com conceito interessante e potencial de ser uma obra prima, tal qual o original, entretanto, Natalia Klein conseguiu jogar tudo isso no lixo da pior maneira possível, com uma narrativa forçada, enfadonha, ofensiva e preconceituosa. As referências pop são subutilizadas e pobres, noto uma certa tentativa de inspiração em Douglas Adams, mas pela ausência de inteligência nas piadas e excesso de pretensão, o abismo entre o estilo de Adams e Klein é tão grande quanto o tempo que, segundo as antigas crônicas de Itaguaí, se leva para calcular a resposta da pergunta fundamental. (Leia com escárnio a última frase)
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